Comportamento: "Happy Rockers"

por Janicéia Pereira

Os movimentos artísticos, principalmente aqueles ligados a música, sempre foram considerados uma forma de inspiração para a juventude mundial, influenciando comportamentos, ditando modas, além de muitas vezes, revolucionar os ideais das novas gerações.

Desde a criação do rock and roll e o surgimento dos primeiros ídolos pop, o cenário musical passou por diversas transformações. Artistas que muitas vezes foram do estrelato ao ostracismo em pouquíssimo tempo, substituídos em várias oportunidades por “produtos” minuciosamente fabricados pela indústria fonográfica ou por outros componentes da grande mídia, são utilizados cada vez mais como objetos descartáveis. "Bandas com qualidade duvidosa sempre alcançaram o sucesso. Não todas, mas muitas. Pela perspectiva mais usual da palavra (vender muito), em nada me surpreende uma banda como a Restart fazer sucesso, muito pelo contrário. Em um mundo individualista como o nosso, que dá mais valor a celebridades que a filósofos, ou seja, mais à imagem do que ao talento, é natural que "produtos" de baixa qualidade façam sucesso – são mais fáceis de digerir (o mundo também anda muito apressado), têm músicas mais grudentas e acessíveis", opina Luciana Toffolo, crítica musical que possui uma coluna no site Omelete.

Com o grande sucesso alcançado recentemente por bandas do estilo Happy Rock, sendo as mais conhecidas Cine, Restart, Hori, Replace e Hevo84, muitos questionam a qualidade das músicas e letras apresentadas por esse novo estilo à juventude atual, devido ao conteúdo produzido não levar a qualquer reflexão de ideais e apenas reproduzir banalidades do cotidiano adolescente.
Foto: divulgação
Com dois álbuns independentes, Fernando Cunha, guitarrista da Hevo84, conta como a banda iniciou a busca por espaço no cenário musical. “As gravações aconteceram de forma independente e algumas em estúdios profissionais. Trabalhávamos sempre em casa, em nosso pequeno home estúdio, nada de muito sofisticado, apenas um computador, uma placa de som e muita energia. O estilo veio de coisas que escutávamos quando criamos a banda, não nos prendemos a segmentos, fazemos o que achamos que é legal.”

Afirmações como estas fazem com que algumas bandas pensem que estão fora do domínio da Indústria Cultural ou da grande mídia, ou que não são criações das mesmas, com a ilusão de que são independentes e que sua grande exposição e sucesso relativos são frutos de um trabalho sério e competente. Porém, isso pode ser facilmente contestado, já que a banda Hevo84, por exemplo, foi lançada ao sucesso com a inclusão de uma de suas músicas na novela teen Malhação, da Rede Globo, um dos maiores ícones das corporações midiáticas brasileiras.

O produtor da Restart, Marcos Maynard defende o novo estilo, pois acredita que o seu surgimento ocorreu exatamente porque há um público receptivo. "A banda assimila muito bem as críticas positivas. Mas é bom lembrar que o artista é o retrato de uma geração. O rock dos anos 80 é politizado porque retrata o fim da ditadura no Brasil. A Restart atrai o público adolescente com letras simples, diretas e melodias simples também porque retrata sua geração."

De certa forma, a Indústria Cultural pode ser comparada a um polvo com muito mais do que oito tentáculos, que consegue penetrar até mesmo nos mais hostis ambientes undergrounds, desde que ela saiba que ali possa “capturar” algo, que posteriormente poderá ser transformado em um produto altamente popular e/ou rentável.

As grandes mídias também têm interesse em absorver novas tendências mercadológicas, principalmente aquelas surgidas com o advento da Internet, através do fenômeno das redes sociais, visando formas de transformá-las em novos produtos para Indústria Cultural. Também é possível perceber cada vez mais a quantidade de adolescentes que prefere utilizar a tecnologia apenas para diversão e troca de dados inúteis, em vez de explorar o potencial informativo e didático de tais ferramentas.

Foi exatamente pela facilidade de comunicação na web que as bandas do Happy Rock conseguiram ganhar espaço no meio artístico. A pioneira Restart é exemplo disso. "É importante dizer que o sucesso deles vem diretamente da internet e dos shows. Eles só entraram nas rádios depois do sucesso na internet, e por último, começaram agora a adentrar na TV", confirma Maynard.

Foto: divulgação
Os fãs desse novo estilo podem ser considerados uma nova tribo urbana, e como tal, possuem diversos pontos de encontro. Caminhando pelo Shopping Tatuapé, zona leste de São Paulo, é possível deparar-se com muitos deles. Com gostos e passatempos variados, como andar de skate, visitar lojas de brinquedos e, claro, com um visual caprichado – o mais parecido possível com o de seus ídolos –, Caio Nahim, 17 anos, fã da Hevo84, diz não curtir as outras bandas do mesmo segmento. “A música deles expressa o que a gente sente, nos faz esquecer os problemas da vida. Nos vestimos desse jeito porque a gente curte a banda. Não gostamos de todas as bandas coloridas porque virou modinha”.

Já Juliany Oliveira, 13 anos, defende o estilo geral da Cine. “Eu gosto de tudo neles, desde o cabelo, roupas, até as músicas mesmo. O ritmo das bandas é muito bom, mesmo que não tenha prestado muita atenção às letras, porque o que importa é a gente se identificar com o som”.

As bandas de Happy Rock são, no Brasil, uma das mais recentes criações pop da Indústria Cultural. Elas demonstram o poder que esta última tem de se adaptar de maneira rápida, ágil e eficiente na construção de novos ídolos, estilos, modas, produtos e até mesmo de comportamentos. Na era da quarta Revolução Industrial, cada vez mais pessoas e empresas tentam ascender nos seus nichos de mercado, principalmente se valendo da mais poderosa ferramenta de informação atual, a internet, e com isso, bandas e músicos que em outros tempos, talvez jamais saíssem do anonimato, entram na grande mídia, fazendo um percurso inverso ao que acontecia no passado. Hoje, eles podem ser caçados e localizados, graças a estratégias simples, monitoradas em tempo integral por pessoas, grupos, entidades e empresas que estão sempre alertas em busca de manter o poder de massificação sobre a sociedade, ao lançar produtos que podem ter qualidade real ou que podem ser apenas uma forma de lucro.

Especial Nordeste: Centro de Tradições Nordestinas

Foto: retirada do site da CTN
O Centro de Tradições Nordestinas (CTN) foi fundado em Maio de 1991 e é o local ideal para reunir a comunidade nordestina que mora na grande São Paulo. O local é reconhecido pela prefeitura de São Paulo e pelo Governo Federal por seu trabalho filantrópico que tem como um dos focos principais priorizar a cultura da região Nordeste.

Nossa repórter Juliana Tonelotti fez uma visita ao CTN e entrevistou a coordenadora cultural Mariana Conti para o nosso programa de rádio. No áudio, ela conta um pouco mais sobre a história do centro, como surgiu a ideia, suas metas e como ele é importante para a população nordestina.






Saiba mais: Centro de Tradições Nordestinas

Especial Nordeste: Cantorias Populares

Nós, da equipe Mosaico Brasil, preparamos um especial sobre a região Nordeste tanto em nosso programa de TV quanto no de rádio. Abaixo, você poderá conferir um trecho da entrevista feita com Maria José Ferreira da Costa, Mestre e Historiadora em Cantoria Popular pela PUC-SP.

No primeiro bloco do Mosaico TV, a professora contará um pouco da história da cantoria - as mais populares são a moda de viola, o xote e o forró -, sua sobrevivência no mundo contemporâneo e sua  importância na nossa cultura.

Mosaico Brasil - TV

Quem não se lembra da época em que cartas eram trocadas para se comunicar com algum parente distante e perdido em algum ponto do Brasil? Devido ao avanço da tecnologia, a Internet virou um salvador de vidas já que, por meio dela, mandar mensagens tornou-se muito mais fácil, rápido e prático. Com apenas um clique do mouse ou uma tecla do celular, os recados atingem qualquer parte do mundo por causa das famosas redes sociais. Hoje, é difícil encontrar quem não tenha pelo menos uma. Para aqueles que abriram mão da moda antiga e não conseguem ficar com os computadores desligados, selecionamos as melhores ferramentas da web. E, a melhor parte, todas elas são gratuitas!

É a rede social mais popular do Brasil, mas que vem perdendo esse posto devido a grande publicidade em cima do Facebook. Criado em 2004, o Orkut permite que as pessoas troquem scraps (recados) de uma página para outra, sendo necessário que o usuário acesse o perfil do amigo para deixar um aviso importante. Você ainda pode criar inúmeros álbuns, arquivar vídeos e trocar a foto do perfil quantas vezes quiser. O mais legal são as milhões de comunidades sobre infinidades de assuntos que permitem a todos entrar e postar suas opiniões e, claro, conhecer outras pessoas que possuem a mesma afinidade que você. O único problema é que o Orkut virou um ambiente virtual propício para links maliciosos que infectam os computadores com os famosos vírus. Todo cuidado é preciso no momento em que for clicar em qualquer coisa, mesmo que tenha vindo do perfil do seu namorado.


O Facebook é super utilizado nos Estados Unidos e na Europa, e chegou com força total no Brasil. Os usuários do Orkut migraram para essa rede social que ganhou vida em fevereiro de 2004. O site nada mais é do que uma página de relacionamento, com algumas diferenças com relação ao Orkut. Além de permitir a criação de um perfil, há a possibilidade de compartilhar conteúdo multimídia e recados sem precisar ir no scrapbook (página de recados) dos seus amigos. O feedback é instantâneo. O único ponto negativo para os viciados em redes sociais é que o Facebook não possui comunidades que permitem debates nos fóruns como o Orkut. Além disso, o site permite integração com outras plataformas como o Digg, Wordpress, Blogger, Livejournal e Twitter.


Microblog que permite aos usuários se comunicarem por meio de mensagens rápidas de até 140 caracteres, mesmo formato do SMS enviados via celular. Tudo isso para permitir a leitura do conteúdo de maneira rápida. Pode ser acessado em qualquer lugar e é de fácil uso. Os interessados só precisam se cadastrar, escolher uma boa foto e começar a postar. Difere-se do blog pela agilidade e pela despreocupação com a qualidade do texto. O Twitter é também uma ferramenta que permite a troca dos planos de fundo de acordo com suas preferências, compartilhamento de vídeos e fotos instantaneamente. Além do mais, há como escolher quem seguir e, conforme a qualidade de suas postagens, ser seguido.


Para aqueles que são aspirantes a designers e gostam de produzir imagens bonitas, estranhas ou engraçadas no Photoshop, o TUMBLR é uma ótima ferramenta. Ele é considerado um sistema de rede social e micro-weblog que permite aos usuários compartilhar links, textos, vídeos e áudio. Assim como acontece no Twitter, você pode ter seguidores e ver os posts dos “tumblrs” que você segue, "reblogar" os posts de outros usuários ou apenas favoritá-los. Para quem não entende muito inglês, talvez tenha um pouco de dificuldade no começo. Você pode customizá-lo com temas pré-existentes no próprio sistema ou copiar códigos HTML já prontos criados por outros usuários ou que estão disponíveis em diversos sites pela Internet. Ou, ainda, criar seu próprio layout.


O Orangotag é uma novidade – não tão novidade assim – para aqueles que são viciados nas séries de televisão americana. Se você é daqueles que costuma acompanhar diversas temporadas ao mesmo tempo, o Orangotag irá ajudá-lo a organizar a sua vida. Criado o perfil no site, você receberá avisos sobre suas séries prediletas e acompanhar os novos episódios e avaliá-los. Você poderá também marcar todos os seriados dos quais assiste e assinalar os episódios já vistos. É de grande utilidade para aqueles que fazem downloads. 

Já o Skoob é para aqueles que gostam de ler um bom livro ou ler muitos de uma vez só. A ideia dessa rede social é muito parecida com a do Orangotag. Você pode criar sua estante e marcar todos aqueles livros que você já leu ou pretende ler. Os usuários também podem avaliar suas leituras, fazer resenhas e comentar sobre os últimos livros que foram lidos. Uma curiosidade, o Skoob é um projeto brasileiro.

Cotidiano: Gostosuras, Travessuras e Saci-Prerê

Foto: retirada do site SOSACI
por: Stefanny Lima

Desde o período da colonização portuguesa, o Brasil recebe influências culturais, políticas e econômicas de diversos países; nos últimos anos isso vem se acentuando cada vez mais ao vínculo criado com os Estados Unidos da América. Por ser uma potência mundial e o foco principal do capitalismo, os norte-americanos tornaram-se responsáveis por inspirar comportamentos e ideais, em especial, nos jovens brasileiros, que vão desde o jeito de falar e vestir, até a alimentação, a escolha de um estilo musical e a preferência pelo cinema em língua estrangeira, e tantos outros fatores que são reflexos de um país que por vezes se resume apenas a futebol e ao carnaval.
Por sua posição de soberania sobre os países subdesenvolvidos, o Brasil, assim como tantos outros que se encontram na mesma posição, se viu dependente de um bom relacionamento com os Estados Unidos, a fim de dar continuidade a seus projetos de expansão. Dessa forma, o american way of life acabou se tornando um padrão de vida nacional – impulsionado pelos veículos de comunicação de massa.
Ao considerar o lado cultural, o imaginário dos estrangeiros sobre a população brasileira não vai além de samba e bola no pé. O conhecimento do restante do mundo sobre a cultura nacional é muito restrito, já que os brasileiros são estereotipados como um povo alegre e receptivo. Para os mais antenados, não é preciso dizer que a nossa cultura possui uma imensa riqueza e, mesmo com o processo de globalização, os brasileiros tentam manter os costumes e a diversidade popular, por meio da transmissão das tradições para as novas gerações.
O folclore nacional, por exemplo, traduz grande parte do legado histórico brasileiro, com personagens eternizados, como o Saci-Pererê. A primeira pessoa a dar atenção a este personagem foi o escritor infatojuvenil Monteiro Lobato, no Estadinho – versão vespertina do jornal O Estado de São Paulo –, que pediu ao público do jornal, em meados de 1917, que enviasse suas impressões sobre o Saci, rendendo ao autor a obra "Saci-Pererê: resultado de um inquérito", composta por todos os depoimentos e relatos das pessoas que colaboraram com a pesquisa.
Um dos grandes conflitos originados da relação entre a cultura nacional e a norte-americana é a comemoração do Dia do Saci em 31 de outubro – mesma data do famoso Halloween ou, em português, Dia das Bruxas. O Saci-Pererê é um dos personagens folclóricos mais queridos do Brasil, entretanto ainda assim é ignorado pela cultura de massa, que considera a escolha da data errônea por causa da influência internacional.
Foto: retirada do site SOSACI
O fato de ser comemorado no mesmo dia do Halloween gerou diversos debates. A ideia do Dia do Saci ganhou apoio da Sociedade dos Observadores do Saci (Sosaci), responsável por promover a valorização da cultura nacional. A data foi instituída como lei em São Paulo, em 13 de janeiro de 2004.
Hoje, a Sosaci é a principal entidade que promove e divulga o Saci-Pererê, por meio de trabalhos educativos que expandem os valores e preservam a riqueza da cultura popular nacional. "Este dia foi instituído com o propósito de despertar a população brasileira para a sua cultura, os seus mitos e as suas crenças, de forma a valorizá-los, a conhecer e ter orgulho de si e defender o que é seu", explica Mário Cândido da Silva Filho, presidente da organização.
O Brasil é repleto de lendas folclóricas que representam cada região do país. Com o Saci-Pererê não foi muito diferente. Mário Cândido explica que a história do personagem tornou-se mais popular devido ao amor de Monteiro Lobato. "O Saci sintetiza o povo brasileiro por carregar essências que formaram a nossa cultura. Ele é pacífico, gozador e brincalhão, características do povo brasileiro. Mesmo ao fazer as suas travessuras sem prejudicar ninguém, no estado de Minas Gerais e na região Nordeste do país, a influência da igreja ainda predomina e faz com que ele seja tachado de ‘coisa ruim’. Por isso, ainda existem representações do personagem com chifres e pés de cabra”. Contrapondo essa visão negativa, a Sosaci elaborou um projeto que propõe a figura do Saci como o mascote da Copa do Mundo de Futebol de 2014, defendendo que "teríamos a oportunidade de mostrar ao mundo algo que é autenticamente brasileiro".

Para saber mais: SOSACI

Cotidiano: Então é Natal...

por Maria Cristina Gomes

Foto: retirada do site Deviantart
O Natal é uma comemoração cristã que celebra o nascimento Jesus Cristo. O ciclo natalino inicia-se na véspera do Natal, dia 24 de dezembro, e vai até o dia de Reis, em 6 de janeiro. A festa envolve as famílias e é uma das celebrações mais coloridas da humanidade, sendo  a maior festa da cristã, do Ocidente. A data, que já era conhecida pelos primeiros cristãos, foi fixada pelo Papa Júlio I como o nascimento de Jesus Cristo, em uma tentativa de atrair o interesse da população. Pouco a pouco o sentido cristão modelou e reinterpretou.

É na evolução da história que é possível encontrar a compreensão de todos os símbolos natalinos. Em sua origem, as comemorações festivas do ciclo vêm da distante Idade Média, quando a Igreja Católica introduziu o Natal em substituição a uma festa mais antiga do Império Romano, a festa do deus Mitra, que anunciava a volta do Sol em pleno inverno do Hemisfério Norte.

O Natal é carregado de magia, gritos, cantigas, forma rudimentar do culto, um rito de cunho teatral, o drama litúrgico ou religioso medieval, ganhando diversas modificações no decorrer dos séculos. Nos templos, a teatralização ganha praças, largos, ruas e vielas, carros e ambulantes. Até aqueles que não acreditam ou não gostam da comemoração acabam comprando um presentinho aqui, outro acolá; uma estrelinha de belém na porta de casa, uma luzinha ou um mimo para marcar a celebração da vida – que é o autêntico sentido da festa. Independente do consumismo tão marcante da época, o Natal consegue manter símbolos sagrados desde a sua origem.

No Brasil, a emoção do povo é revelada nos folguedos natalinos por suas ações dramáticas, principalmente na região Nordeste, com o pastoril, o bumba-meu-boi, a cavalhada e a chegança, que fazem referências à ‘Noite de Festas’ e ao dia em que Jesus nasceu. Desses folguedos, o mais tipicamente natalino é o pastoril religioso, cuja essência está na temática da visitação dos pastores ao estábulo de Belém. Nascido na Europa, conta por meio de música a viagem até Belém e foi trazido pelos colonizadores portugueses, repassado aos brasileiros pelo teatro dos jesuítas, que catequizavam os povos, então, indígenas. Hoje, o pastoril não necessariamente apresenta trechos dramatizados, e traz basicamente a apresentação das jornadas encenada por jovens meninas. As pastoras recebem nomes de flores, e se apresentam obrigatoriamente em fileiras, divididas em dois cordões: o encarnado, liderado pela Mestra e posicionado no lado esquerdo, e o azul, no lado direito, comandado pela Contramestra. Esta posição das pastorinhas nos cordões originou grupos, que divididos em partidos, possuem preferências por determinada cor.  Entre os dois cordões, vestida com as duas cores, dança a Diana. 

Os outros personagens variam de acordo com a região; entre eles podemos encontrar: a borboleta, a cigana, a camponesa, a estrela, o anjo e o pastorzinho. As cores vermelho e azul representam a disputa entre cristãos e mouros, o que faz uma referência às lutas travadas na Península Ibérica pela conversão dos infiéis à religião católica, presentes também em outras manifestações populares como a Cavalhada.  As músicas, também conhecidas como jornadas, loas ou cançonetas, geralmente falam do nascimento de Jesus, do significado do natal e das personagens, estão sempre acompanhadas por pandeiros. Geralmente são apresentadas em três ritmos diferentes: marchinha, maxixe e valsinha.  O vestuário das pastoras é composto de saias e coletes bordados, blusas brancas, meiões e sapatilhas; na cabeça usam tiaras com flores, fitas ou pedras decorativas. Nas mãos geralmente trazem pandeiros ou maracás.  O espetáculo é acompanhado por instrumentos de percussão.

Simbologia

Árvore - Representa a vida renovada, o nascimento de Jesus. O pinheiro foi escolhido por suas folhas sempre verdes, cheias de vida. Essa tradição surgiu na Alemanha, no século 16. As famílias alemãs enfeitavam as árvores com papel colorido, frutas e doces. Somente no século 19, com a chegada dos imigrantes à América é que o costume espalhou-se pelo mundo. 

Presentes - Simbolizam as ofertas dos três reis magos. Entretanto, o hábito é anterior ao nascimento de Cristo, já que os romanos celebravam a Saturnália, em 17 de dezembro, com troca de presentes. O Ano Novo romano tinha a distribuição de mimos para as crianças pobres. 

Velas - Representam a boa vontade. No passado europeu, apareciam nas janelas, indicando que os moradores estavam receptivos. 

Estrela - No topo do pinheiro, representa a esperança dos reis magos em encontrar o filho de Deus; a estrela guia os orientou até o estábulo onde nasceu Jesus. 

Cartões de Natal - Surgiram na Inglaterra em 1843: John C. Horsley deu ao amigo Henry Cole, que sugeriu a redação de cartas rápidas para felicitar conjuntamente os familiares. 

Comidas típicas - O simbolismo do alimento na mesa vem das sociedades antigas que passavam fome e encontravam na carne, o mais importante prato, uma forma de reverenciar a Deus. 

Presépio - Reproduz o nascimento de Jesus. O primeiro a armar um presépio foi São Francisco do Assis, em 1223. As ordens religiosas se incumbiram de divulgar o presépio e a aristocracia investiu em montagens grandiosas; o povo, então, assumiu a tarefa de dar continuidade ao ritual.
  

Estante do Mosaico: Crash - No Limite

Sem dúvida, é um dos melhores filmes que abordam o tema diversidade e preconceito de uma maneira bem construída, longe do apelo emocional que outras produções utilizam para faturar alguns números nas bilheterias. O filme dirigido por Paul Haggis abocanhou 3 Oscars em 2005, incluindo o de Melhor Filme. Em seu elenco, temos a presença de nomes de peso, como é o caso de Sandra Bullock, Matt Dillon, Sean Cory, Ryan Phillippe, Brendan Fraser, entre muitos outros.

Tudo acontece no sul da Califórnia onde Jean Cabot (Bullock) é a esposa de um promotor (Fraser) muito popular na região, que tem seu carro roubado. O fato desencadeia outros fazendo com que os personagens se interliguem até o final da história. O furto gera um acidente que aproxima três esteriótipos de pessoas:  um veterano policial racista, um detetive negro e seu irmão traficante de drogas, um bem-sucedido diretor de cinema e sua esposa e um imigrante iraniano e sua filha.

Os personagens se unem por causa dos preconceitos guardados e que, de alguma maneira, são gerados por eles próprios. Diferenças raciais e sociais abordados é o fator que humaniza a produção. É um bom filme para reflexão e que pode ser direcionado tranquilamente para os dias atuais.

 Trailer:

Estante do Mosaico: Central do Brasil

Central do Brasil é um filme dirigido por Walter Salles e no elenco temos a consagrada  Fernanda Montenegro,  Marilia Pêra, Vinícius de Oliveira, Soia Lira e Othon Bastos. A produção foi extremamente importante para o ramo cinematográfico brasileiro. Por meio dele, o país celebrou duas indicações ao Oscar nas categorias de Melhor Filme Estrangeiro e de Melhor Atriz. Embora o prêmio não tenha sido nosso - somente o Globo de Ouro -, o filme foi um sucesso de bilheteria e voltou a posicionar o nosso cinema de maneira respeitosa no mercado.

A história é centrada na vida de Dora (Montenegro) que escreve cartas para analfabetos na Central do Brasil. Todos os dias, ela cumpre essa missão ao ajudar a população mais carente, especialmente migrantes que tentam manter sua relação com os parentes que estão longe.  A cada carta, Dora percebe que o Brasil, ainda muito desconhecido no seu ponto de vista, é um pedaço de mundo fascinante.

O ponto alto de Central do Brasil é quando a mãe do pequeno Josué (Vinícius de Oliveira)  é atropelada, depois de ter sido atendida por Dora. O menino fica abandonado e, a contragosto, a mulher das correspondências o acolhe. Com o tempo, ela cria vínculos emocionais com Josué, principalmente ao se envolver com à procura do pai do menino.

Dá-se início a uma interessante viagem com um final muito especial.

Trailer:

Saudações!


Sejam bem-vindos ao Mosaico Brasil, site que tem como objetivo trazer conteúdo diferenciado ao público, sobre todos os assuntos que envolvam o tema Multiculturalismo e novas identidades

Esse projeto foi idealizado para ser avaliado como nota final da matéria Produtos na mídia WEB com relação aos alunos do sétimo semestre de Jornalismo da Universidade Nove de Julho. Nosso trabalho será avaliado pelo profº Eduardo Natário.

Esperamos que todos aproveitem de maneira positiva e consciente as nossas matérias e dicas sobre cultura e diversidade. Qualquer dúvida ou sugestão, mande-nos um e-mail que está localizado no link Quem Somos.

Atenciosamente,
Equipe Mosaico Brasil 

A Mídia Mágica

por Dayanne Feitoza

Show do grupo Teatro Mágico. Espera-se que a banda apareça com seus instrumentos no palco e cante uma canção para embalar o público. Quem vai a um show deles pensando assim, engana-se completamente! Quando as cortinas se abrem e um “palhaço” entra em cena em um misto de encenação e declamação poética, o chão literalmente treme. Os jovens de 8 a 80 anos se agitam e começam a acompanhar cada palavra dita pelo cantor-palhaço-poeta. É inacreditável! Pelo menos para quem está ali pela primeira vez. Este é o momento em que se nota que o local está lotado de pessoas que, de certa forma, se misturam aos artistas e ao show. Há fitas coloridas, camisetas com frases das músicas e, é claro, narizes de palhaço por toda parte. Mas de onde vem tudo isso? A resposta é simples e inusitada: a velha e conhecida propaganda boca a boca e, claro, uma ajudinha da eficaz ferramenta de comunicação em ascensão, conhecida como internet.

Foto: Felipe Borges
O Teatro Mágico, comumente denominado apenas por TM, surgiu em 2003 com uma proposta inovadora: misturar música, teatro, circo e poesia em shows e discos. A ideia partiu dos saraus (apresentações artísticas) que Fernando Anitelli, idealizador e vocalista do grupo, frequentava. O que a princípio seria apenas uma apresentação musical, transformou-se em um grande sarau amplificado, no qual público e artista são parte indivisível do espetáculo. Com letras e canções que mobilizam a plateia, o Teatro Mágico cria uma atmosfera de debate e reflexão sobre os problemas sociais e a cultura livre.

Passados 7 anos da criação do grupo, com quase 200 mil CDs e mais de 40 mil DVDs vendidos de forma independente, os integrantes da trupe possuem um público fiel que constantemente lota seu shows. “A internet é o único meio de diálogo direto com o público. Não precisa dos intermediadores da indústria cultural, como gravadoras, canais de TV ou assessorias de imprensa. Nós soubemos utilizar essa ferramenta da melhor forma possível. A divulgação do nosso site é feita nos CDs, nas camisetas, nos flyers e até em adesivos distribuídos nos shows. O próprio público faz a divulgação do grupo, pois, ao acessar o site, passa a conhecer nosso trabalho de forma gratuita”, afirma Gustavo Anitelli, diretor artístico da trupe e irmão do vocalista.

Os irmãos Anitelli também são responsáveis pela criação do projeto Música Para Baixar (MPB), que seguiu o exemplo do TM ao disponibilizar o conteúdo de bandas iniciantes gratuitamente na internet. “O ‘Movimento MPB’ começou em 2008 com a ideia de unir músicos, artistas, produtores e usuários de música em torno de um debate sobre a luta pela democratização da comunicação. O ponto central para nós é que, para a música no Brasil avançar, é preciso uma comunicação democratizada. Formamos o MPB para lutar por uma internet livre, gratuita e de qualidade para todos. Quando isso acontecer, será muito mais fácil levar não só boa música, mas bom conteúdo de forma geral. Inclusive, é uma forma de ajudar diretamente as bandas, afinal, o começo é complicado e com projetos assim é possível fazer uma divulgação clara e simples do trabalho produzido de uma forma mais independente, exatamente como o TM faz até hoje. Acredito que a internet será a principal ferramenta utilizada daqui em diante para a divulgação tanto musical quanto artística, ultrapassando a TV e o rádio. A internet não tem jabá. Você não tem dono e ninguém para ditar o que é certo ou não ou o que faz parte ou não da moda”, explica o diretor do grupo. Entretanto, nesses casos,  há sempre uma questão a ser levantada: uma banda que trilha os caminhos alternativos consegue sobreviver? “Sim! Ganhamos dinheiro por meio do público pagante do show. Esse é o modelo de negócio atual, a chamada economia de dádiva. O Google é um portal de busca que oferece e-mail, redes sociais, como o Orkut e o Facebook, e não cobra nada por isso. Há muita gente que vai aderir ‘que o sistema ganha na  publicidade’. Conosco acontece a mesma coisa. Muitas pessoas irão baixar o conteúdo disponibilizado no site, vão querer comprar os produtos e ir aos shows. Se o discurso seguir o mesmo do TM teremos boa qualidade, acesso a um trabalho limpo, que passa a mensagem de que da forma que se quer, o melhor permite o livre acesso a todos”.


Foto: Felipe Borges
Esse discurso deu muito certo para o grupo, que alcançou a marca de 1 milhão de downloads e mais de 5 milhões de transmissões de músicas do primeiro e do segundo CD nos sites Trama Virtual e Palco MP3. Além disso, sua comunidade em uma rede social que beira a marca de 100 mil membros. Como explicar que um grupo musical-circense-teatral, sem uma divulgação forte, consiga reunir fãs pelo país sem ter suas músicas tocadas nas rádios ou sem aparecer em programas de TV? Victor Ribeiro da Gloria Lopes, representante do Ministério da Cultura, explica: “O mercado musical é um dos mais badalados do show business. Ao lado do cinematográfico, é o ramo que dá mais retorno à produtores, empresários e, claro, ao artista. Antigamente, acreditava-se que, para que o sucesso fosse alcançado por um artista, seria necessário uma exposição exaustiva na mídia, como colocar o artista em qualquer canal de TV ou estação de rádio ao mesmo tempo, para que haja divulgação em massa. O público se cansou disso e viu na internet uma ferramenta de busca de idealidades, ou seja, onde poderia procurar o que realmente lhe interessava. Quando encontrou isso, junto com a oportunidade de poder ter esse conteúdo de forma gratuita, apostou todas as fichas. O resultado é esse fenômeno de público”. Ainda há o fato da comunidade formada por esse público, o chamado modismo, não no sentido pejorativo da palavra, mas com o objetivo de fazer com que as pessoas com os mesmos interesses possam compartilhá-los entre si. “No caso do TM, isso é visível nas vestimentas do público nos shows, nas frases das camisetas, etc. É quase um movimento de expressão, e, no entanto, há pessoas que desconhecem totalmente a existência do grupo, o que não altera em nada a força e a adoração que eles conquistaram”, conclui.

Os críticos se perguntam se o grupo descobriu uma fórmula mágica de sucesso. A banda é a prova de que é possível conquistar público e conseguir se sustentar sem ter que partilhar seus ganhos com gravadoras. Não há submissão a regras. Já os fãs do grupo garantem que não há fórmula para esse sucesso. Trata-se apenas de boa música, transmitida de forma simples, direta e gratuita. Isso é o que torna tudo mais interessante.
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